No momento em que preparamos o café, seja qual for o método escolhido, acontece uma verdadeira arte do encontro.

De um lado a água, irradiando todo o seu calor, prestes a mudar a estrutura química do pó de café, que por sua vez, à espera desse contato mágico, prepara o leito de partículas que ali se encontram com toda a sua volatilidade, óleos à flor da pele, repleto de sabores e aromas a serem despertados, aguardando ansioso pelo primeiro toque.

O contato imediato da água com o pó, primeiro grau da extração da bebida, é como o primeiro beijo.

Muitas vezes com uma amostra curta de água, chamada de pré-infusão, como um beijo rápido e instigante, apenas para umedecer o bolo de café e dele despertar todos os aromas para, em seguida, levar tudo para dentro da xícara, o toque da água no café é o momento em que acontece a grande magia dessa cultura cafeeira, e que vai brindar todas as etapas do processo de produção, desde o plantio, seleção, torra e prova, até a oferta final dessa porção de amor.

Como prazer sensorial, poucas experiências cotidianas podem competir com uma deliciosa xícara de café. A ciência do aroma é extremamente complexa. Os pesquisadores costumam analisar as fragrâncias que surgem durante a torrefação dos grãos, até os provadores treinados aspirarem e definirem o cheiro de cada elemento reconhecível. Cheirar os aromas de café torrado é uma experiência interessante: pode-se reconhecer os aromas de rosas, de chá de Darjeeling, de chocolate, de baunilha e de violeta, assim como os de trufas, sopa, queijo, suor, entre muitos outros. Mas, tudo que parece exalar dessa união é Feromônio.

Felizmente, quem toma café não precisa saber nada sobre a sua química complexa para apreciá-lo. Você descobrirá o clímax desse encontro no primeiro gole.